O coronel Ricardo Mello Araújo (PL), vice-prefeito de São Paulo, atacou o padre Júlio Lancellotti nas redes sociais e culpou o pároco pelo surgimento de uma nova Cracolândia no bairro do Belenzinho, na zona leste da capital.
O ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) fez um post nas redes sociais em que defende as ações da gestão municipal no combate ao tráfico. No vídeo, ele aparece na rua dos Gusmões, no centro da cidade, que tem constantes fluxos de usuários de drogas, e mostra imóveis que serão demolidos.
Uma internauta fez o seguinte comentário no post: “Venha para a nova Cracolândia que fica no Belenzinho”. O vice-prefeito, então, respondeu com um ataque ao padre. “Culpa do Lancelot [sic], está fazendo um desserviço”, escreveu Mello Araújo.
Padre Júlio diz à coluna que teme ser alvo de violência. “Ele está me colocando em risco. Ao dizer que a responsabilidade é minha, ele autoriza grupos radicais a atacarem a minha casa. Coloca em risco a Pastoral [do Povo da Rua]”, afirma.
“Ele é um coronel, ex-comandante da Rota, e uma autoridade constituída.Tudo o que ele fala tem peso.”
Procurada, a prefeitura não respondeu até a publicação deste texto.
Coordenador da Pastoral do Povo da Rua, o padre frequentemente é apontado como responsável pela suposta falta de segurança na Mooca, também na zona leste, em razão da aglomeração de pessoas em situação de rua que são atendidas.
Não é a primeira vez que o líder religioso entra na mira de políticos bolsonaristas e de direita por causa de seu trabalho social.
No ano passado, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) tentou criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que mirava o pároco, propondo uma investigação com o objetivo, segundo o político, de apurar a conduta de ONGs que atuam na região da Cracolândia.
Depois disso, a Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para investigar possível abuso de autoridade do vereador contra Júlio Lancellotti.
com KARINA MATIAS, LAURA INTRIERI e MANOELLA SMITH
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