O governo Donald Trump decidiu nesta quarta-feira (19) revogar a autorização do Departamento de Transportes ao recém estabelecido programa de pedágio urbano de Nova York, nos Estados Unidos. Em carta, o secretário Sean Duffy disse que o programa onera desproporcionalmente motoristas de classe média para arrecadar fundos voltados à transporte público, e não a melhorias rodoviárias.
“Pessoas que usam o sistema de rodovias para entrar em Nova York já financiaram a construção e manutenção dessas estradas ao pagar impostos sobre a gasolina, entre outros. Mas o programa de pedágios retira desses motoristas a possibilidade de usar estradas de graça e tira mais dinheiro de trabalhadores”, disse Duffy em carta comunicando a decisão.
Em resposta, a Autoridade Metropolitana de Trânsito (MTA, na sigla em inglês), órgão que administra o transporte no estado e responsável pela implementação dos pedágios, disse que vai processar o governo federal para impedir o fim do programa. Segundo a MTA, desde o início da cobrança, o congestionamento e o tempo médio de viagens na região já diminuíram.
O pedágio urbano visa aumentar o uso do transporte público e diminuir o número de motoristas na ilha de Manhattan. Desde janeiro, a maioria dos carros de passageiros precisa pagar US$ 9 por dia, cerca de R$ 60, para entrar na zona de pedágio em horários de pico, com taxas adicionais para caminhões e outros veículos, além de descontos noturnos.
Dos 1,5 milhão de pessoas que trabalham na zona de pedágio, cerca de 85% usam transporte público, de acordo com a MTA. Apenas 11% dirigem — cerca de 143 mil motoristas antes da implementação do pedágio urbano.
Trump foi à sua rede social, a Truth Social, para comemorar a decisão de seu governo. “O programa pedágio urbano está morto. Manhattan, e toda a cidade de Nova York, estão salvas. VIDA LONGA AO REI”, escreveu. Mais tarde, o perfil oficial da Casa Branca no Instagram utilizou a frase e publicou uma imagem gerada por inteligência artificial emulando uma capa da Time —nela, Trump aparece com uma coroa com Nova York ao fundo.
A governadora do estado, a democrata Kathy Hochul, rebateu o presidente em nota. “Somos um país de leis que não é governado por rei nenhum. Nos veremos na Justiça”, afirmou. Segundo ela, o programa de pedágio urbano não será interrompido enquanto a disputa corre nos tribunais.
Especialistas ouvidos pelo jornal The New York Times questionaram a autoridade do governo Trump de encerrar o programa unilateralmente. Entretanto, uma vez que os pedágios também afetam rodovias federais, o sistema precisou de aprovação do governo em Washington, que foi concedida em novembro durante o governo Joe Biden e agora revogada.
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