segunda-feira , 27 outubro 2025
| Cidade Manchete
Lar Economia Sob governo Lula, trabalho infantil cresce no Brasil em 2024
Economia

Sob governo Lula, trabalho infantil cresce no Brasil em 2024


O trabalho infantil voltou a crescer no Brasil em 2024, interrompendo a trajetória de queda observada nos últimos anos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,65 milhão de crianças e adolescentes de cinco a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil no país, um aumento de 2,1% em relação a 2023, quando foi registrado o menor número da série histórica iniciada em 2016 (1,616 milhão).

O percentual da população nessa condição também subiu, passando de 4,2% para 4,3%. Apesar da alta em 2024, os números mostram que houve uma redução acumulada de 21,4% em oito anos. Em 2016, início da série, o Brasil tinha 2,1 milhões de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, o que correspondia a 5,2% da população dessa faixa etária. Hoje, entre os 37,9 milhões de brasileiros de cinco a 17 anos, a proporção é de 4,3%.

À Agência Brasil, o analista do IBGE Gustavo Geaquinto Fontes pondera que o crescimento não significa necessariamente uma reversão de tendência, mas alerta para o impacto da oscilação. “Foi uma variação de 2,1%, não muito acentuada, mas suficiente para interromper a queda contínua dos últimos anos”, disse.

VEJA TAMBÉM:

Perfil do trabalho infantil dos mais afetados

O estudo revela que adolescentes de 16 e 17 anos concentram 55,5% do trabalho infantil no país. Nesse grupo, a proporção passou de 14,7% em 2023 para 15,3% em 2024. Já entre crianças menores de 13 anos, os indicadores permaneceram relativamente estáveis. O aumento também foi mais expressivo entre meninos.

A desigualdade racial é outro dado que chama atenção: embora pretos e pardos representem 59,7% da população de cinco a 17 anos, eles somam 66,6% das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Já os brancos, que são 39,4% dessa faixa etária, respondem por 32,8% dos casos.

Os setores que mais absorvem mão de obra infantil são comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (30,2%), seguidos por agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (19,2%), e alojamento e alimentação (11,6%). Também há presença significativa na indústria (9,3%) e em serviços domésticos (7,1%).

A remuneração média dos jovens trabalhadores ficou em R$ 845 por mês, mas há grandes variações conforme a carga horária. Entre os que trabalham 40 horas semanais ou mais, a média sobe para R$ 1.259. Já 41% dos que exercem atividades trabalhavam até 14 horas por semana.

VEJA TAMBÉM:

Levantamento do trabalho infantil revela desigualdade regional

O levantamento também mostra diferenças marcantes entre regiões. O Norte (6,2%) e o Nordeste (5%) apresentam índices acima da média nacional, enquanto o Sudeste é a única região abaixo do índice geral, com 3,3%. No Sul, o percentual é de 4,4%, e no Centro-Oeste, de 4,9%.

Segundo a definição adotada pelo IBGE, com base na Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho infantil é aquele prejudicial ao desenvolvimento físico, mental, social ou moral da criança e que interfere na escolarização. A legislação brasileira proíbe qualquer atividade laboral antes dos 14 anos; entre 14 e 15 anos, só é permitido atuar como aprendiz; e de 16 a 17 anos, o trabalho é permitido com restrições, não pode ser sem carteira assinada, em ambientes noturnos, insalubres ou perigosos.

A pesquisa também levantou dados sobre afazeres domésticos, que, apesar de não serem classificados como trabalho infantil, revelam outro recorte de desigualdade. Em 2024, 54,1% das crianças e adolescentes de cinco a 17 anos realizavam atividades domésticas regularmente. Diferentemente do trabalho fora de casa, as meninas são maioria: 58,2% contra 50,2% dos meninos.

O crescimento registrado em 2024 ocorre em meio à celebração do governo Lula sobre a redução de longo prazo no trabalho infantil. Embora os números mostrem uma melhora em quase uma década, englobando medidas de outros governos, especialistas destacam que o aumento recente é um sinal de alerta.

VEJA TAMBÉM:



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Economia

Servidores da EPE ampliam paralisação que pode travar planos do governo

Os funcionários da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de...

Economia

Lula diz esperar acordo com os EUA “em poucos dias” após encontro com Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda (27)...

Economia

Novo Código Civil pode transformar contratos em batalhas judiciais

O projeto do novo Código Civil (PL 4/2025), do senador Rodrigo Pacheco...

Economia

Tom cordial de Trump com Lula não significa fim das tarifas

Após cerca de 45 minutos de conversa entre os presidentes dos Estados...