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redução de impostos mobiliza governadores


Seis governadores das regiões Sul e Sudeste intensificaram a pressão contra o plano do governo federal de reduzir tarifas de importação para carros chineses, veículos híbridos e elétricos montados com kits vindos da China. Cláudio Castro (PL-RJ); Eduardo Leite (PSD-RS); Jorginho Mello (PL-SC); Ratinho Junior (PSD-PR); Romeu Zema (Novo-MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) assinaram uma carta enviada ao vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB).

No comando dos estados que concentram parte majoritária da produção automotiva do país, os governadores reivindicam o adiamento imediato da votação marcada para esta quarta-feira (30), no Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex).

No documento, os governadores justificam a solicitação apontando que os estados acolhem montadoras e fornecedores, que formam um ecossistema estratégico para a economia nacional, com geração de empregos e investimentos expressivos. “O tema em pauta exige reflexão cuidadosa e diálogo, aprofundado com os entes federados que concentram a maior parte da base produtiva automotiva brasileira”, registra o texto da carta.

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Proposta pode favorecer BYD e afetar indústria instalada

O documento é uma medida que tenta conter a ação do governo Lula, que pretende reduzir, de forma temporária, os tributos para kits do tipo CKD (Completely Knocked Down) e SKD (Semi Knocked Down), usados na montagem de veículos importados. A redução da alíquota seria de 18% para 5% nos elétricos e de 20% para 10% nos híbridos. A montadora BYD, que constrói uma fábrica na Bahia, pleiteou a mudança.

Segundo os governadores, a decisão pode desestruturar a cadeia automotiva nacional. Eles alertam que “a importação de kits de baixo valor agregado compromete empregos, enfraquece fornecedores locais e desestimula investimentos”. Além disso, o posicionamento conjunto dos governadores aponta que a política contradiz o discurso de reindustrialização sustentável.

Proposta do governo Lula prevê reduzir imposto de 18% para 5% em veículos elétricos e de 20% a 10% nos híbridos, montados com kits chineses.Proposta do governo Lula prevê reduzir imposto de 18% para 5% em veículos elétricos e de 20% a 10% nos híbridos, montados com kits chineses. (Foto: Feijão Almeida/Gov-BA)

Indústria nacional vê risco de “invasão disfarçada”

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) classificou a proposta do governo Lula como ameaça direta ao equilíbrio do setor. Para a entidade, a redução das tarifas abriria caminho para um “desequilíbrio concorrencial”. Em nota, afirmou que um importador poderia “pilhar o mercado brasileiro com uma fachada de produção nacional”.

A Anfavea calcula que até R$ 60 bilhões dos R$ 180 bilhões em investimentos planejados no setor podem ser cancelados. O associação estima ainda que 50 mil empregos com carteira assinada estão em risco, caso a medida avance.

A entrada agressiva de veículos da China, segundo a Anfavea, não ocorre por acaso. Trata-se de uma “desova” estratégica, impulsionada pela guerra de preços no Sudeste Asiático. Fabricantes chineses enfrentam excesso de capacidade e buscam novos mercados, como o Brasil, para manter a escala de produção.

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Carros chineses avançam sobre o mercado brasileiro

Os dados do primeiro semestre confirmam a escalada. As importações de veículos somaram US$ 3,4 bilhões até junho de 2025, quase igualando o total de 2024. Enquanto o emplacamento de carros nacionais cresceu apenas 2,6%, os importados subiram 15,6%. Modelos de origem chinesa representam 5,4% do total vendido no país.

As marcas da China lideram o mercado de eletrificados. Juntas, BYD e GWM (Great Wall Motors) dominam mais de 80% das vendas de elétricos puros e controlam 45% do segmento de híbridos. O avanço afeta diretamente montadoras tradicionais, segundo estudo da MegaDealer, empresa de consultoria especializada no setor automotivo, com foco no desenvolvimento de redes de concessionárias e na otimização de processos para montadoras. As mais impactadas são Jeep, Volkswagen, Chevrolet, Toyota e Hyundai.

O setor teme que a política fiscal proposta desmantele décadas de investimentos. A Anfavea argumenta que a estrutura tributária atual já exige modernização, mas sem abrir brechas que favoreçam empresas que apenas finalizam a montagem no país. Além disso, defende critérios técnicos para diferenciar produção local de simples nacionalização.

Nesta quarta-feira, a BYD reagiu e publicou uma carta “Por que a BYD incomoda tanto?”, argumentando que seus veículos estão sendo bem recebidos pelos consumidores, “aqueles mesmos que, por décadas, foram obrigados a pagar caro por tecnologia velha e design preguiçoso”, escreveu a empresa, cutucando a concorrência.



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