A presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou nesta quarta-feira (22) que fará uma ligação para o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de discutir uma “unidade” na América Latina diante do retorno de Donald Trump à Casa Branca.
“Tenho vários telefonemas nestes dias, falei com o presidente (Bernardo) Arévalo (da Guatemala), houve uma reunião dos chanceleres dos diferentes países da América Latina e do Caribe, nestes dias vamos falar com o presidente Lula e há unidade na América Latina, isso é importante”, afirmou Sheinbaum em uma entrevista coletiva.
A presidente mexicana não deu detalhes sobre o que será debatido com o petista nesta conversa telefônica, marcada para os “próximos dias”.
“Sei que às vezes vocês querem que haja uma declaração específica, mas nosso objetivo fundamental é o bem-estar do povo do México, essa é a responsabilidade da presidente e, é claro, nos comunicamos com todos os governos do mundo e, particularmente, da América Latina”, disse a mandatária mexicana.
Sheinbaum declarou que seu governo está “pronto” para receber os mexicanos deportados dos Estados Unidos, onde representam quase metade dos quase 11 milhões de imigrantes ilegais, mas anunciou que o México repatriará os migrantes afetados pelas restrições de Trump.
“Estamos trabalhando nisso e, ao mesmo tempo, estamos em comunicação com os governos latino-americanos e há coisas sobre as quais obviamente não concordamos, mas nosso interesse é a defesa dos mexicanos”, acrescentou.
Além disso, revelou que havia discutido a questão com a presidente de Honduras, Xiomara Castro, que em março entregará a presidência pro tempore da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) ao presidente da Colômbia, Gustavo Petro.
O governo mexicano está em negociações com outros países latino-americanos para receber diretamente os migrantes deportados pelos Estados Unidos, em vez de expulsá-los primeiro para o território mexicano.
“Estou focada com a equipe, obviamente, no interesse do México. Então, nosso interesse é, obviamente, o acordo com os EUA em diferentes questões, já existe uma comunicação, há coisas sobre as quais não concordamos, mas neste momento esse é o interesse essencial”, concluiu Sheinbaum na coletiva.
Nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores do México, Juan Ramón de la Fuente, e o novo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, discutiram questões de migração e segurança em uma primeira conversa do novo governo.
A informação foi divulgada pela própria presidente do México, que classificou o primeiro diálogo como cordial. “Quero informar que ontem o ministro das Relações Exteriores, Juan Ramón de la Fuente, e o secretário de Estado (dos EUA), Rubio, conversaram por telefone; (…) foi uma conversa muito boa, muito cordial”, declarou.
Claudia Sheinbaum prometeu “não baixar a cabeça” a Donald Trump, com quem espera manter uma “relação de iguais” em questões como migração, comércio e segurança.
Na segunda-feira (20), dia em que Trump tomou posse da presidência, Lula minimizou as propostas mais duras do líder da Casa Branca, que podem impactar as relações bilaterais com o Brasil pelos próximos quatro anos.
Durante reunião ministerial em Brasília, o petista disse que “torce” para que Trump “faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e que os americanos continuem a ser um parceiro histórico do Brasil”.
“Porque, da nossa parte, nós não queremos briga nem com a Venezuela, nem com os americanos, China, Índia e Rússia. Nós queremos paz, harmonia, uma relação de diplomacia [que] seja mais importante, e não desavença e encrenca”, acrescentou na ocasião.
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