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No futuro, vamos sentir vergonha do BBB 25? – 14/01/2025 – Rosana Hermann


São Paulo

O Big Brother Brasil é o produto de maior impacto, engajamento e faturamento da grade da Globo. E, sem dúvidas, um dos programas mais influentes da cultura popular brasileira. Ao longo de mais de duas décadas, vimos o BBB criar celebridades, gerar tendências, criar linguagem, popularizar memes, alterar comportamentos.

E não é uma percepção pessoal, uma opinião. Os números provam o sucesso absurdo do reality. Basta lembrar que a versão brasileira chegou a bater recordes mundiais, com mais de 1 bilhão de votos.

Outra evidência é o incontável número de pautas, entrevistas, blogs, colunas, canais, podcasts, perfis em redes sociais que o programa mobiliza. E tem ainda a linguagem. Quantos termos, expressões, frases, bordões que surgiram no BBB caíram na boca do povo?

E, claro, depois que as redes sociais passaram a ter o status que têm hoje, muita gente passou a sonhar em participar do Big Brother Brasil devido ao número de seguidores que os participantes ganham. Mesmo quem não ganha o prêmio, lucra com o ‘capital’ humano que vai gerar publis e outras ações de marketing. Big Brother é lucrativo para (quase) todos os envolvidos.

Porém, há um fator chamado tempo, que pode gerar coisas não tão positivas. O documentário sobre o BBB, no ar no Globoplay, ilustra bem as mudanças de comportamento dos participantes e dos brasileiros em geral, ao longo dos anos. Aos olhos de hoje, alguns momentos do programa parecem não apenas vergonhosos, mas criminosos até.

Foi o que senti ao ver um episódio do documentário do BBB com a ex-participante Solange Vega. Sol, como era conhecida, foi alvo de discurso racista por parte da sister Marcela, de uma forma extremamente cruel. Felizmente nossa sociedade melhorou um pouco nesse sentido, porque o que vimos ali seria impensável hoje. Marcela teria saído presa do programa ou, ao menos, processada.

Também fiquei muito tocada com o depoimento de Sol. Provavelmente eu também engrossei o caldo horrível das pessoas que riam, achavam graça em seu jeito de cantar errado a letra de “We Are The World”, sem levar em conta que a realidade pessoal e social em que ela vivia não havia oferecido a ela a oportunidade de aprender inglês. Ou de frequentar uma escola. Fiquei constrangida e com vergonha de mim mesma e muito feliz por vê-la tão madura, tão lúcida e bem-resolvida.

Mas a pergunta ficou. Será que daqui a alguns anos, quando esta edição 25 fizer parte de um documentário futuro, vamos sentir vergonha do nosso presente? Do comportamento dos participantes? Dos nossos comentários e posts? Não sei, mas acho possível e bem provável.

O lado ruim é descobrir o quanto ainda somos levianos em nossos julgamentos, preconceituosos no nosso convívio, cruéis em nossas opiniões. O lado bom é ver que ao longo dos anos podemos sempre aprender, amadurecer e melhorar.

Se o programa é um espelho da nossa sociedade, essa edição em duplas vai ser um bom exercício para saber como andam nossas relações com amigos e parentes. Vai ser um grande teste para saber se vale o dito popular: “antes só do que mal acompanhado”. BBB 25 já começou. O futuro também.

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.



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