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Michelle é perfil novo de liderança feminina ‘feminina’ – 11/04/2025 – Cotidiano

Na última pesquisa Quaest para a Presidência da República, Michelle Bolsonaro aparece com 38% das preferências disputando com Lula — à frente de Tarcísio e quase empatada com seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Vale a pena, então, analisar um dos motivos para esse desempenho: sua qualidade como oradora, a partir da participação na manifestação de domingo pela anistia dos presos de 8 de janeiro.

Michelle foi um dos destaques. Falou antes de Silas Malafaia, organizador do evento, e de Bolsonaro. Começou surpreendendo ao mencionar a presença do pai de santo Sérgio Pina. Foi inclusiva ao afirmar que “todas as opções sexuais e religiosas” eram bem-vindas na luta pela “anistia humanitária”.

Lembremos que, durante a presidência de Bolsonaro, o quadro da pintora brasileira Djanira da Motta e Silva (1914–1979), que retrata três divindades africanas, foi removido do Palácio do Planalto. A presença do pai de santo no ato parece ser um esforço para suavizar a percepção pública de Michelle como intolerante com as religiões de matriz africana.

A linguagem da intimidade e da compaixão marcou sua fala. Ela mencionou os “rostinhos” que via na multidão e chamou a criança que estava no palco de “princezinha”. Estabeleceu contato com os presentes. Identificou na plateia uma senhora cuja filha estava presa e a chamou de “mãezinha”.

Também dirigiu-se a alguém que protestava com uma faixa do PT em um prédio próximo, mas falou com calma e lembrou que as lideranças da esquerda também foram beneficiadas pela anistia política.

Seu discurso foi o mais religioso entre todos os que falaram —mais do que os do deputado Nikolas Ferreira e do pastor Silas Malafaia, ambos evangélicos como Michelle. Usou a personagem bíblica Débora, juíza e guerreira, para compará-la à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, presa por pichar a estátua da Justiça com batom.

Aproveitou o tema da manifestação —anistia— para criticar os juízes do STF (Supremo Tribunal Federal), a partir da Bíblia. Débora, a juíza, era justa, argumentou Michelle; os juízes do STF, os injustos que condenaram “a nossa Débora, uma mulher comum, cabeleireira”.

Quando parecia que iria subir o tom contra o STF, abriu sua intimidade ao mencionar que manteve uma sala de oração dentro do Palácio da Alvorada, na qual orava pelos ministros durante o mandato do marido. Cristãos em geral valorizam essas reuniões —e, com isso, demonstrou que não trata como inimigos os supostos algozes de Bolsonaro.

A escorregada foi citar nominalmente a esposa do ministro Alexandre de Moraes. Se a intenção era demonstrar preocupação com o bem-estar dela, pode ter passado o sinal inverso —revelando à militância detalhes da vida particular de Moraes. Para quem já foi monitorado pela Abin e viu circular, dentro do Planalto, um plano para matá-lo, a menção pública ao nome da esposa não soa bem.

O “gran finale” de Michelle foi apresentar-se como a matriarca do clã Bolsonaro. Chamou ao palco os filhos do marido: Flávio, Jair Renan e Carlos. Mandou que abraçassem o pai. Puxou um coro de “força, Eduardo”, que está nos Estados Unidos. Terminou jogando beijos para a multidão e, depois de dizer a Bolsonaro “beijo, meu velho”, encerrou com: “te amo”.

O estilo de liderança feminina de Michelle é uma novidade no campo bolsonarista. Até aqui, estrelas da direita como Joice Hasselmann, Bia Kicis e Carla Zambelli buscaram se firmar imitando estereótipos de lideranças masculinizadas. Michelle fará sucesso entre mulheres —que são a maioria do eleitorado. Mas ela seria aceita pelo eleitor bolsonarista?

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