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Lula vende a janta para pagar o gás


Quem está no aperto vende o almoço para pagar o jantar. O governo Lula faz diferente.

Operando no vermelho, contrai dívidas e cobra mais do pagador de impostos para bancar gastos cotidianos – e ainda anuncia, com orgulho, que está prestes a contratar novas despesas.

Com o discernimento de quem precisa tapar velhos buracos e cumprir novas promessas antes que chegue a eleição, acaba de descobrir uma nova fonte de recursos: pegar de uma só vez dinheiro do petróleo que entraria nos cofres públicos apenas daqui a alguns anos.

Em outras palavras, quer vender a janta para pagar o almoço. Mais precisamente, o gás.

Antes de embarcar para a França, Lula reiterou o compromisso de ampliar o programa que fornece gás de cozinha aos mais pobres. Hoje, cerca de 5,5 milhões de famílias recebem valor equivalente a um botijão de GLP a cada dois meses. O presidente tem dito que o público será multiplicado por quatro, com gás entregue de graça a 22 milhões de famílias.

Nove meses atrás, quando começou a alardear a bondade, o governo falava em custo próximo de R$ 14 bilhões por ano. Está à procura de verba desde então. As contas estão no negativo mesmo com carga tributária recorde nas contas do contribuinte, e multiplicar o Auxílio Gás (ou “Gás para Todos”) só aprofunda o déficit.

A primeira ideia era pagar por fora do Orçamento, driblando o arcabouço fiscal, numa engenharia com recursos do pré-sal. Mas o governo foi flagrado na esperteza e teve de recuar.

O mesmo pré-sal pode colaborar agora. Esbaforido na caça por alternativas ao aumento do IOF, o ministro Fernando Haddad pediu ao Congresso autorização para vender antecipadamente a parcela da União em determinados campos de petróleo. Espera levantar uns R$ 15 bilhões.

A iniciativa faz lembrar um projeto apresentado em 2022 pelo então ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. O plano dele era mais ousado: vender toda a parte da União na produção futura dos contratos de partilha do pré-sal. Coisa de centenas de bilhões de reais. A proposta não avançou no Congresso e foi retirada de tramitação em 2023, a pedido do governo Lula.

Os R$ 15 bilhões estimados agora parecem suficientes para financiar os botijões do programa social – por um ano. Na sequência, a janta já terá sido vendida, mas a despesa do gás continuará existindo. “Isso a gente vê depois”, talvez estejam pensando no Planalto.

Na mesma entrevista em que citou o vale-gás, Lula avisou que lançará crédito para entregadores comprarem motocicletas, financiamento para pequenas reformas e outras medidas. Semanas antes, anunciou gratuidade na conta de luz para os mais pobres, a ser paga pelos demais consumidores.

VEJA TAMBÉM:

Por mais que declare estar na fase da “colheita”, Lula não disfarça: está é plantando, freneticamente.

Nada que impressione o eleitor. No mês das eleições de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro anunciou dez medidas econômicas num intervalo de 15 dias, a maioria para a população de baixa renda. Entre elas, ampliação do Auxílio Brasil (hoje Bolsa Família), vales para taxistas e caminhoneiros e – olha ele aí – aumento no valor e no número de beneficiários do Auxílio Gás.



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