O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou qualquer possibilidade de privatizar os Correios, estatal com o maior rombo entre todas as empresas do governo com R$ 6 bilhões de prejuízo apenas neste ano até o mês de setembro. O petista reconheceu a crise na companhia e que pode fechar agências em cidades com operação deficitária, mas que o governo está empenhado em entrega-la “sarada” à sociedade.
A possibilidade de privatização já foi descartada por ele desde o início deste terceiro mandato, quando retirou a estatal do programa de desestatização. No entanto, em três anos, o rombo nas contas se agravou e chegou a um nível de beirar o socorro do Tesouro para cobrir o prejuízo.
“Não vai privatizar, enquanto eu for presidente não vai ter privatização. O que pode ter é construção de parceria com empresas. Eu sei que tem empresas italianas querendo discutir os Correios”, afirmou durante uma entrevista coletiva no final da manhã.
Lula anunciou que entregou a recuperação dos Correios à ministra Esther Dweck, da Gestão, e que confia na capacidade da estatal voltar ao equilíbrio. Entre as medidas já tomadas, disse, está a troca do presidente com o aval para colocar pessoas com o conhecimento necessário em cargos estratégicos, além de priorizar entregas públicas em vez de concorrentes, entre outras.
“Estamos levando muito a sério essa questão. A Esther [Dweck, ministra da Gestão e Inovação] recebeu a missão que tem que nos entregar os Correios recuperados. E temos tempo para isso e certamente vamos fazer”, completou.
O presidente também pontuou que as estatais sejam “rainhas do lucro”, mas que não interessa ter ao governo uma empresa que dê prejuízo bancado pelos contribuintes “que não tem nada a ver com ela”.
Outra medida que está em discussão é o fechamento de agências dos Correios que sejam deficitárias e transferir as operações para outras estruturas do governo que possam abrigá-las.
“Já fui informado que algumas cidades têm Correios e não compensa. Utilizar espaço de outra empresa pública, para que a gente não seja obrigado a triplicar postos do governo na mesma cidade”, afirmou.
Os Correios aprovaram recentemente um plano de restruturação que prevê medidas como recuperação financeira, consolidação e crescimento. As medidas foram baseadas em uma análise profunda do atual modelo de negócio, que já não comporta a estrutura inchada da empresa. Também deve compor um empréstimo de bancos públicos e privados de até R$ 12 bilhões.


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