São Paulo
Há 20 anos, a menina de Porto Alegre, filha única e bolsista da PUC Karine Alves não imaginava que o curso de jornalismo a levaria ao posto de apresentadora do maior programa de esportes da TV brasileira. Pois aconteceu.
A partir de domingo (30), a jornalista de 42 anos é a apresentadora titular do Esporte Espetacular ao lado de Fernando Fernandes. “Minha trajetória foi sendo construída por meio do meu esforço. Estou pronta? Não sei, mas vou ficar. Essa chance é maior do que uma convocação à Copa com a seleção, é uma mudança de vida”, define ela, que já comandava o bloco para São Paulo da atração semanal. Agora será vista pelo Brasil inteiro.
Karine garante que o sucesso na profissão jamais a deixará deslumbrada ou de nariz em pé. “O Zeca Pagodinho tem fama, dinheiro, talento e segue o mesmo. No meu caso, vou continuar igual ao que sempre fui, gosto de ouvir as pessoas”, afirma. “Mas óbvio que esse assédio e curiosidade sobre mim talvez aumentem e eu estranhe no começo. É a menina gaúcha que nem imaginava chegar onde chegou”, pondera.
Filha de pais separados, Karine estudou em escola pública a vida toda e conta que vem de uma família simples, mas que nunca sofreu com escassez. Também não tinha referências de parentes que tenham se formado. Por isso, valoriza ainda mais sua trajetória.
Ela conta que enfrentou percalços ao longo do caminho e eles a fizeram até o que a fez cogitar desistir algumas vezes. “Não conheço um ser humano que não tenha tido dificuldades. Meu trajeto não foi lindo nem linear, mas formou o que sou hoje. Ao longo do caminho, percebi que existia a opção de parar com tudo, mas isso representaria deixar de acreditar no meu potencial”, avalia.
Karine trabalha com esportes desde 2006, quando iniciou na área fazendo reportagens para a Globo na afiliada no Rio Grande do Sul. A jornalista, que nos tempos livres gosta de ser cantora, afirma que assistia ao Esporte Espetacular quando criança com o pai, e isso ajudou a moldar sua paixão pela atração. São mais de 50 anos no ar.
Nessa nova fase, Karine conta que ligou para Bárbara Coelho, sua amiga pessoal e antiga apresentadora, para trocar figurinhas sobre o dominical. “Quando vi o meu caminho desenhado para essa finalidade, falei com ela, que foi generosa. Não estou entrando no lugar dela, mas assumindo uma nova etapa do programa, que imagino que já terá a nossa cara desde a estreia”, adianta.
Mais um fator importante na opinião da jornalista enquanto mulher preta é estar no ar para todo o Brasil no mesmo dia que Maju Coutinho, âncora do Fantástico.
“Já entenderam que essas pessoas estão lá pela competência. Quando assisto a Maju, vejo outras coisas nela que me inspiram além da negritude. Quando rostos pretos pararem de ser novidade é porque atingimos o objetivo da diversidade”, opina.
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