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‘Jogos Olímpicos de Atletas Dopados’: dá para morrer ou ficar milionário – 23/05/2025 – Marina Izidro


Este ano, o nadador aposentado Kristian Gkolomeev, sozinho em uma piscina, completou os 50m livre em 20s89. Disse que quebrou o recorde mundial de César Cielo (20s91) “atingindo um novo nível de performance que agora o mundo pode ver que é possível”.

O grego de 31 anos de fato fez esse tempo, mas o resto é mentira. Bem-vindos ao circo de horrores chamado de Jogos Olímpicos de Atletas Dopados.

A competição será em 2026, em Las Vegas, e o conceito bizarro é permitir que atletas da natação, atletismo e levantamento de peso usem substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping (Wada) em troca de muito dinheiro.

Esta semana, organizadores divulgaram o feito de Gkolomeev, realizado em fevereiro especialmente para promover os jogos.

O ex-atleta –cujo melhor tempo era 21s44– começou a tomar substâncias proibidas semanas antes e usou um maiô tecnológico, como os banidos em 2009 depois do recorde de Cielo.

Continuou se dopando e, em abril, vestindo um short comum, nadou em 21s03 (0s01 a menos do que Caeleb Dressel, dono do melhor tempo no pós-era dos supermaiôs). Gkolomeev ganhou dos organizadores US$ 1 milhão pelos “recordes”, que não foram reconhecidos pela federação internacional de natação.

A tradução literal do nome em inglês é estranha. “Enhanced Games” vêm de “performance-enhancing drugs”, drogas que melhoram a performance, proibidas no esporte de elite. Por isso têm sido comparados mundo afora a uma espécie de Olimpíadas com doping.

O filho de Donald Trump é patrocinador. O criador, o empresário australiano Aron D’Souza, tenta convencer o mundo de que vai reinventar “Jogos Olímpicos hipócritas, corruptos e disfuncionais”.

O site oficial chama a iniciativa de “futuro da ciência esportiva”, que “redefine a super-humanidade através da ciência, inovação e esporte”. Em um vídeo no X, um homem afirma que, dopado, quebrou o recorde dos 100m rasos de Usain Bolt, mas não pode mostrar o rosto porque os Jogos Olímpicos “o odeiam”. Mais brega, impossível.

Além de Gkolomeev, três nadadores são garotos-propaganda/cobaias do evento, seduzidos pela promessa de embolsar milhões se quebrarem recordes de mentirinha. Andrii Govorov, recordista mundial dos 50m borboleta, e James Magnussen, medalhista olímpico e campeão mundial, já estão aposentados. Josif Miladinov é prata no campeonato europeu. Magnussen, 34, diz se sentir com “18 anos” desde que passou a ingerir hormônios, testosterona e substâncias sem testes científicos.

Especialistas têm alertado sobre os riscos do doping, de perda de libido a ataques cardíacos. A World Athletics vai banir para sempre quem participar.

Há quem defenda que é melhor nem falar sobre o assunto para não promover algo que vai contra os valores do esporte. Vejo de outra forma.

Esse evento já está no esgoto da história esportiva. Não tem graça ver um atleta correr ou nadar dopado. Mas acho perigoso ignorá-lo ou só tratar como piada. A estratégia que eles usam é conhecida: fake news, frases de efeito, dizer que o mundo está contra eles. E há pessoas que vão acreditar em qualquer coisa dita a elas, contanto que seja o que querem ouvir.

Portanto, prefiro um debate aberto para que possamos nos educar e para que o erro não se repita no futuro.


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