O ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, disse que ficou “surpreso” com a operação da Polícia Federal (PF) que aponta para o desvio bilionário na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.
Stefanutto também disse que não esperava ser demitido do cargo após a repercussão do escândalo envolvendo o desconto irregular no pagamento de beneficiários do INSS.
“Foi uma surpresa — e um susto também. Nunca, ao longo da minha carreira como servidor público, estive envolvido em qualquer operação policial. Ser acordado pela Polícia Federal foi, de fato, uma situação inesperada e difícil. No primeiro momento, fiquei surpreso com a ordem judicial de afastamento, principalmente porque não se conhecia, até então, a dimensão da operação”, disse Stefanutto em entrevista concedida à CNN Brasil, nesta segunda-feira (12).
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“No meu íntimo, eu sabia que não havia adotado qualquer conduta que colocasse em risco os segurados do INSS. Pelo contrário: como presidente da autarquia, atuei justamente para criar mecanismos e procedimentos de segurança. Muitos deles estão em uso hoje e têm sido amplamente divulgados, como o passo a passo para consultar descontos ativos e pedir o cancelamento, por exemplo. Tudo isso foi desenvolvido durante a minha gestão”, completou.
O ex-presidente ainda ressaltou que, diante dos indícios de fraude que antecederam sua gestão, ele determinou medidas para coibir práticas ilegais nos chamados descontos associativos.
“Agora, é claro que medidas estruturantes como essas levam tempo para serem implementadas, especialmente em uma instituição do porte do INSS, com obrigações complexas e voltadas à proteção de milhões de segurados. Buscamos sempre atuar de forma planejada, respeitando a legalidade e a ordem jurídica”, afirmou.
Stefanutto foi demitido pelo presidente Lula após ser afastado do cargo por decisão judicial
Demitido pelo presidente Lula (PT) no dia 23 de abril, após ter sido afastado do cargo por decisão judicial, Stefanutto disse que está “mais tranquilo” com o avanço das investigações.
”Considero natural, diante do desgaste gerado, que a presidência do INSS tenha sido substituída. Mas isso, por si só, não significa que eu tenha cometido qualquer irregularidade”, disse.
PF encontrou cadernos com anotações que indicariam suposta propina a Stefanutto
Na semana passada, o jornal O Globo revelou que a Polícia Federal (PF) apreendeu cadernos com anotações que sugerem que Stefanutto e o procurador-geral do INSS afastado, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, teriam recebido propina no esquema de descontos irregulares.
Os cadernos teriam sido encontrados em uma empresa de Antônio Carlos Camilo Antunes, apontado como lobista do esquema, identificado pela PF como “Careca do INSS”.
O ex-presidente do INSS estaria identificado no caderno como “Stefa 5%”, o que poderia indicar o percentual de pagamento a Stefanutto.
À CNN Brasil, o ex-presidente do INSS disse que não pode comentar sobre o caso porque a sua defesa ainda não teve acesso ao material apreendido pela PF.
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