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Empresa dos irmãos Batista aumenta participação na deficitária Eletronuclear


A Âmbar Energia, do grupo J&F, controlado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, anunciou nesta quarta (15) a compra da totalidade da fatia da Eletrobras na Eletronuclear, responsável pelo Complexo Nuclear de Angra dos Reis (RJ). O negócio, avaliado em R$ 535 milhões, ainda depende da aprovação dos órgãos reguladores e ocorre em meio a pedidos do ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, por mais dinheiro do orçamento por risco de insolvência.

Com o novo contrato, a Âmbar passa a deter 68% do capital total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear, antes sob controle da Eletrobras. A União, por meio da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional), continua com o controle da estatal, mantendo 64,7% do capital votante e cerca de 32% do capital total.

“A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões, características fundamentais em um momento de descarbonização e de crescente demanda por eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização da economia”, disse o executivo em nota à Gazeta do Povo.

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A Eletronuclear é responsável pelas usinas Angra 1 e Angra 2, em operação, e pelo projeto de Angra 3, paralisado há anos. As duas primeiras têm contratos de longo prazo que garantem previsibilidade de receita: Angra 1 tem contrato até 2044 e Angra 2 até 2040.

“A participação na Eletronuclear nos assegura fluxo estável de receitas, com energia gerada próxima aos maiores centros de consumo do país”, disse Zanatta. Em 2024, a empresa registrou receita líquida de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido de R$ 545 milhões.

O lucro no ano passado e o anúncio da transação, no entanto, ocorrem semanas depois de Silveira enviar um ofício ao governo pedindo a injeção de recursos públicos na Eletronuclear para impedir o colapso financeiro da empresa. Segundo apuração da agência Reuters, o ministro alertou para a necessidade de capital bilionário para cobrir despesas pesadas ligadas à construção de Angra 3, que permanece parada há anos.

No documento, o ministro afirma que a crise compromete de forma “imediata e severa” a capacidade da Eletronuclear de manter o projeto e cumprir obrigações com o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o encargo setorial RGR (Reserva Global de Reversão). Ele ainda ressaltou o “risco iminente de insolvência” e “impactos consequentes” para o setor energético.

“Mantida esta situação, coloca-se em risco a sustentabilidade da Eletronuclear no horizonte imediato e a continuidade do Projeto Angra 3, ocasionando risco iminente de insolvência da empresa e impactos consequentes”, afirmou no comunicado.

De acordo com o ministério, apenas a manutenção de Angra 3 e os compromissos com credores exigirão cerca de R$ 1 bilhão em 2025, valor considerado “inadiável” para manter o projeto viável. A solicitação de aporte foi encaminhada para inclusão no ciclo orçamentário de 2026, mas ainda não há decisão sobre o repasse.

Em uma nota oficial publicada em fevereiro deste ano, a Eletronuclear reconheceu as dificuldades financeiras e afirmou que vem adotando “medidas responsáveis para garantir a continuidade de sua operação”. A estatal afirmou que recebeu mais de R$ 5 bilhões da Eletrobras entre os anos de 2015 e 2021 antes da privatização.

“A atual gestão tem adotado estratégias gradativas de redução de custos desde janeiro de 2024, evitando que a empresa venha a se tornar dependente do Orçamento-Geral da União. Em 2024, já se conseguiu economizar R$ 500 milhões frente ao orçamento que a Eletronuclear tinha em dezembro de 2023 para o ano de 2024”, completou.



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