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Com categoria dividida, greve de caminhoneiros tem baixa adesão



A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou não ter recebido qualquer tipo de comunicação formal sobre paralisações nas vias do país na manhã desta quinta-feira (4), data para a qual representantes de caminhoneiros haviam convocado uma greve em todo o país.

“Conforme o Artigo 95 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), nenhum evento que possa perturbar ou interromper a livre circulação de veículos e pedestres pode ser iniciado sem permissão prévia da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via”, diz a PRF.

O órgão acrescentou que manterá “o habitual trabalho diário de ronda e monitoramento dos 75 mil quilômetros de rodovias federais, observando o fluxo de veículos e eventuais fatos atípicos que possam acontecer no ambiente rodoviário”.

A convocação para a greve foi feita nos últimos dias por meio de redes sociais e grupos de mensagens, sob a liderança da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC). O presidente da entidade, conhecido como Chicão Caminhoneiro, esteve na terça-feira (2) em Brasília para protocolar na Presidência da República uma pauta de reivindicações com o anúncio da mobilização nacional.

Na ocasião, o caminhoneiro foi acompanhado do desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Sebastião Coelho, pré-candidato ao Senado pelo Distrito Federal pelo partido Novo.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, Chicão pediu aos participantes da paralisação que houvesse “respeito às leis”. “Não podemos impedir o direito de ir e vir das pessoas, temos que respeitar toda a legislação que é imposta à categoria no sentido de permitir o livre trânsito das pessoas”, afirmou.

A adesão, no entanto, ficou esvaziada, e diversas outras entidades que representam a categoria manifestaram-se contrariamente à ideia em razão de uma alegada partidarização da pauta.

Um dos apoiadores foi Janderson Maçaneiro, conhecido como Patrola e presidente da Associação Catarinense dos Transportadores Rodoviários de Cargas (ACTRC), que defendeu o movimento em suas redes sociais.

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Entidades criticam caráter político de movimento

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), por outro lado, divulgou nota, assinada pelo presidente Paulo João Estausia, o Paulinho do Transporte, criticando o uso de seu nome em mensagens de convocação para a mobilização.

“A entidade reforça que nenhuma de suas filiadas participou de qualquer reunião com o objetivo de organizar movimento paredista por parte dos transportadores autônomos em favor de anistia a golpistas e ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro [PL], condenado à prisão por golpe de Estado”, diz o texto.

A CNTTL afirma ainda que “não compactua com movimentos de manipulação política que utilizam uma das categorias de transporte mais importantes do país para tal finalidade” e que “ficou estarrecida com a veiculação, na rede social LinkedIn, de um post falso que afirma seu apoio a esse tipo de movimento”.

Na terça-feira, outra entidade, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que reúne nove federações e 104 sindicatos, afirmou não ter conhecimento sobre o movimento.

Wallace Landim, o Chorão, liderança que ganhou projeção nacional na greve de 2018, também negou apoio à paralisação, em razão da partidarização do movimento.

O deputado federal Zé Trovão (PL-SC), um dos principais representantes da categoria no Congresso, também se manifestou contra à convocação, porém por considerar um possível uso eleitoral da agenda.

“Quem está chamando essa paralisação não está falando a verdade, não quer usar essa paralisação para defender ou melhorar a vida do caminhoneiro, muito pelo contrário, quer usar isso para se engrandecer e angariar votos para uma possível candidatura a algum cargo político”, disse.

A Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens) informou que “não participa, não convoca e não tem qualquer deliberação institucional envolvendo paralisação, greve geral ou mobilização relacionada à situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro”.

“Temos conhecimento de manifestações individuais e espontâneas de alguns transportadores autônomos que circulam nas redes sociais. Contudo, reforçamos que tais atos não são organizados, apoiados ou estimulados por essa entidade, tratando-se exclusivamente de iniciativas particulares”, declarou a entidade.

À Folha de S.Paulo, José Roberto Stringasci, da Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB), também disse que não participa da mobilização. “O momento agora não é de paralisação da categoria.”

Líder do movimento diz que greve seria em defesa de caminhoneiros

Ao protocolar na Presidência da República a pauta de reivindicações dos participantes do movimento, Chicão Caminhoneiro elencou apenas demandas do setor, como a atualização do piso mínimo do frete, o congelamento das dívidas da categoria e a aposentadoria especial com 25 anos de atividade.

O desembargador Sebastião Coelho, que o acompanhou, no entanto, postou dias atrás um vídeo em que convoca apoiadores de Bolsonaro para uma paralisação geral em defesa de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para o ex-presidente e os participantes do 8 de janeiro.

“Paralisação: este é o caminho que nos restou. Nós já fizemos tudo o que estava ao nosso alcance até aqui, sem resultado”, diz. Na gravação, ele ressalta que apenas “bombeiros, hospitais e ambulâncias” são impedidos de entrar em greve. “Os demais, tudo pode parar”.

Ele afirma ainda que de início, “dificilmente” haverá adesão de muita gente. “A paralisação deve ser por setores. A partir do início de algum setor, os demais vêm para agregar, para somar. A partir dessa união de todos nós, poderemos resgatar o nosso país”.





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