sexta-feira , 19 dezembro 2025
| Cidade Manchete
Lar Economia Alcolumbre se revolta com Lula e atira bomba no contribuinte
Economia

Alcolumbre se revolta com Lula e atira bomba no contribuinte


Lula indicou seu velho conhecido Jorge Messias ao STF. Davi Alcolumbre não gostou, pois queria emplacar Rodrigo Pacheco para a vaga. O leitor tem sua opinião sobre cada um dos envolvidos. Independentemente dela, terá de pagar pelas consequências. Sim: pagar.

Não me refiro às consequências de Messias ocupar uma cadeira no Supremo pelos próximos 30 anos. E sim ao troco que Alcolumbre deu em Lula, mas que na verdade recairá sobre o pagador de impostos – desta e das próximas gerações.

O presidente da República formalizou a indicação de Messias na quinta-feira (20). Horas depois, o presidente do Senado anunciou que a Casa votará nesta terça (25) projeto que regulamenta a aposentadoria especial de agentes comunitários de saúde e de combate a endemias. O gesto foi interpretado como retaliação.

A proposta é chamada de pauta-bomba porque impõe aos cofres públicos uma despesa de centenas de bilhões de reais nas próximas décadas.

Se prosperar, os profissionais contemplados poderão se aposentar aos 50 anos (mulheres) e 52 anos (homens), em vez dos 62 e 65 anos exigidos da maioria dos trabalhadores desde a reforma da Previdência de 2019.

O texto ainda resgata benefícios que haviam sido extintos para novos servidores ainda na reforma previdenciária de 2003: aposentadoria integral (equivalente ao último salário) e paridade (reajustes iguais aos da ativa).

VEJA TAMBÉM:

O projeto de lei complementar (PLP) que Alcolumbre quer votar não apresenta estimativa de impacto no Orçamento, nem fonte de recursos. Mas ele é muito semelhante a uma proposta de emenda à Constituição (PEC) aprovada em outubro pela Câmara, cujos efeitos são mais ou menos conhecidos.

O deputado que relatou a PEC da Câmara, Antonio Brito (PSD-BA), falou em gasto adicional de R$ 5,5 bilhões até 2030. O governo calculou ao menos R$ 25 bilhões em dez anos, sem contar eventuais retroativos. O impacto atuarial, no longo prazo, pode chegar a R$ 200 bilhões.

“Não há qualquer ônus para os subentes federativos. Nenhum prefeito e governador pagará nada; estará tudo arcado pela União”, disse Brito no dia da votação, como se a União fosse sustentada por contribuintes de outros países ou planetas.

A bomba lançada pela Câmara e agora por Alcolumbre drena dinheiro que deveria ir para outras áreas, abre um novo buraco nas contas do governo, dificulta o cumprimento das metas fiscais, amplia a dívida pública, ajuda a manter nas alturas os juros que pagamos. Atrapalha a vida de Lula? Pode ser. Mas prejudica muito mais o conjunto da população.

Quando a PEC foi aprovada, o presidente da Câmara, Hugo Motta, disse que a proposta reconhecia homens e mulheres “que estão todos os dias nas ruas de nosso país, andando de casa em casa, de porta em porta, debaixo de sol e chuva”.

Alcolumbre foi pelo mesmo caminho ao anunciar a votação do PLP. Falou em “homens e mulheres que, todos os dias, enfrentam sol e chuva para assegurar saúde, prevenção e orientação às famílias em cada canto do país”.

O presente que o Congresso quer dar aos agentes comunitários tende a ser só o início. Na prática, abre a porteira para que outras categorias – trabalhem sob sol e chuva ou não – exijam o mesmo.

A Previdência é a maior despesa do governo e a causa principal de seu déficit – sem ela, o Tesouro é superavitário. É a despesa que mais subiu nas últimas décadas e a que mais deve crescer nas próximas.

VEJA TAMBÉM:

O rombo só tem a aumentar, pois a transição demográfica vai diminuir o número de contribuintes (trabalhadores) e aumentar o de beneficiários (aposentados).

O país deveria, portanto, estar discutindo como aliviar o peso que as próximas gerações terão de sustentar. Mas o Congresso faz o contrário. E também o STF, para onde Lula quer mandar Jorge Messias.

Meses atrás, o Supremo derrubou a equiparação das aposentadorias de policiais homens e mulheres. E está prestes a julgar uma série de processos que buscam desfazer outros pontos da reforma da Previdência do governo Bolsonaro.



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Economia

Versão final do orçamento é aprovada com R$ 50 bi para emendas

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional aprovou, nesta sexta-feira...

Economia

Véspera de Natal é feriado ou ponto facultativo? E de Ano-Novo?

A aproximação das festas de fim de ano costuma gerar dúvidas entre...

Economia

Carro voador da Embraer faz 1º teste no interior de São Paulo

Um protótipo de aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL, popularmente...

Economia

Grevistas devem manter 80% do efetivo dos Correios, manda TST

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que servidores em greve nos...