sexta-feira , 19 dezembro 2025
| Cidade Manchete
Lar Economia Governo Lula cede ao Centrão e terá que pagar 65% das emendas antes da eleição
Economia

Governo Lula cede ao Centrão e terá que pagar 65% das emendas antes da eleição


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cedeu ao Centrão e concordou em pagar 65% das emendas individuais e de bancadas estaduais até o dia 4 de julho de 2026, antes do período de restrições impostas pela Justiça Eleitoral por conta das eleições de outubro. A chamada Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi aprovada na Comissão Mista de Orçamento na quarta (3) e irá à votação no plenário do Congresso nesta quinta (4) com cinco meses de atraso.

O recuou do governo ocorreu após o Centrão afirmar que tinha votos suficientes para exigir o pagamento de 100% das emendas até o meio do ano. O Planalto alegou que essa imposição poderia comprometer investimentos e engessar a execução do Orçamento, motivo pelo qual ameaçou veto ao trecho caso fosse aprovado integralmente.

“É um avanço muito grande. Eu agradeço muito à ministra Gleisi Hoffmann [Relações Institucionais] por toda a interação, por toda a construção, por todo o diálogo”, afirmou o relator, deputado Gervásio Maia (PSB-PB), a jornalistas após a votação.

VEJA TAMBÉM:

A LDO define as diretrizes que orientam a elaboração do Orçamento anual, e o calendário aprovado atinge apenas emendas individuais e de bancadas estaduais, obrigatórias e destinadas à saúde, incluindo as modalidades fundo a fundo e as instantâneas – chamadas “PIX”.

Não entram na regra as emendas de comissão da Câmara e do Senado, normalmente usadas como moeda de negociação política e sem obrigação de execução pelo Executivo.

O novo texto ainda recebeu um adendo que eleva o fundo partidário, apesar da resistência do relator. A proposta, apresentada pelo deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), determina um reajuste retroativo ao fundo desde 2016, com base na regra do arcabouço fiscal. Segundo cálculos de Maia, o impacto será de cerca de R$ 160 milhões a mais para os partidos.

Esse reajuste, no entanto, desagradou ao relator, que afirmou que “vai custar muito caro para o bolso do contribuinte”.

“São muitos milhões de reais para ampliar um fundo que cuida das despesas do dia a dia dos partidos. A gente precisa racionalizar o Orçamento e priorizar temas importantes. […] Aumentar o fundo partidário, na minha concepção, não é prioridade. É um absurdo”, pontuou.

Segundo Gervásio Maia, há um acordo informal — sem registro na lei — para que 50% das emendas de comissão voltadas à saúde também sejam pagas até julho, articulado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O relator defendeu que a previsibilidade do pagamento permite planejamento prévio por estados, municípios e entidades filantrópicas.

Parlamentares de oposição afirmaram que o calendário busca impedir que o governo privilegie aliados na liberação das verbas. Estes, no entanto, também afirmaram que pretendem obstruir a votação para forçar a votação da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

Em 2024, o governo vetou um calendário semelhante e negociou o cumprimento das datas por decreto. Neste ano, porém, o embate entre Executivo e Congresso se intensificou, com deputados acusando o governo de atrasos e o Planalto alegando que foi o próprio Legislativo quem demorou na aprovação do Orçamento.



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Economia

Versão final do orçamento é aprovada com R$ 50 bi para emendas

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional aprovou, nesta sexta-feira...

Economia

Véspera de Natal é feriado ou ponto facultativo? E de Ano-Novo?

A aproximação das festas de fim de ano costuma gerar dúvidas entre...

Economia

Carro voador da Embraer faz 1º teste no interior de São Paulo

Um protótipo de aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL, popularmente...

Economia

Grevistas devem manter 80% do efetivo dos Correios, manda TST

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que servidores em greve nos...