segunda-feira , 27 outubro 2025
| Cidade Manchete
Lar Economia TCU suspende decisão que obrigava governo a perseguir o centro da meta fiscal
Economia

TCU suspende decisão que obrigava governo a perseguir o centro da meta fiscal


O Tribunal de Contas da União (TCU) acatou um recurso apresentado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e suspendeu temporariamente a determinação que obrigava o Executivo a perseguir o centro da meta fiscal no cumprimento do Orçamento. A decisão do ministro Benjamin Zymler garante ao governo, por ora, o direito de continuar utilizando o limite inferior da meta como referência, evitando um bloqueio estimado em R$ 30 bilhões.

A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou o recurso argumentando que a medida imposta pelo TCU representava “grave risco à execução de políticas públicas”. Com o efeito suspensivo concedido, o governo ganha tempo até que o mérito do recurso seja julgado.

“Permitindo que, nos próximos relatórios bimestrais de execução orçamentária […] a União e os respectivos gestores do Poder Executivo Federal continuem considerando como parâmetro de cumprimento da meta fiscal o limite inferior do seu intervalo de tolerância”, escreveu Zymler na decisão desta quarta (15).

VEJA TAMBÉM:

A meta deste ano estabelece um resultado primário de zero, ou seja, equilíbrio entre receitas e despesas, com variação permitida entre déficit de R$ 31 bilhões e superávit de R$ 31 bilhões — o equivalente a 0,25% do PIB. O governo Lula, entretanto, tem operado na faixa mais baixa dessa margem, buscando evitar novos cortes em programas e políticas públicas, o que gerou críticas dentro e fora do tribunal de contas.

O impasse teve início no fim de setembro quando o plenário do TCU considerou irregular a busca do governo pelo piso inferior da meta — e não o centro, que é zero. O tribunal entendeu que a prática não condiz com as normas da responsabilidade fiscal, já que as medidas de contingenciamento deveriam mirar o centro da meta e não a margem mínima de tolerância.

Em resposta, a AGU sustentou que a meta fiscal vigente desde 2023 criou bandas de tolerância justamente para permitir maior flexibilidade no controle das contas públicas. Segundo o órgão, “o contingenciamento de despesas há de ter como baliza, obrigatoriamente, o limite inferior do intervalo de tolerância”.

O governo também defendeu que o bloqueio de despesas não tem relação direta com a sustentabilidade da dívida pública, mas apenas com o cumprimento da meta fiscal definida em lei.

Após a nova decisão, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, classificou a suspensão como positiva. Segundo ele, o governo segue comprometido com o centro da meta, mas reconhece que o tema ainda gera insegurança jurídica.

“É bom que tenha suspendido. Nós vamos ter o relatório bimestral em um mês, mais ou menos, pouco mais de um mês a ser apresentado, e é bom que a gente não tenha incerteza jurídica para poder fechar”, afirmou o secretário.

Desde o início do ano, o governo precisou congelar R$ 31,3 bilhões em despesas planejadas para tentar equilibrar as contas. Em julho, com uma leve melhora na arrecadação, R$ 20,6 bilhões foram liberados, reduzindo o bloqueio para cerca de R$ 10 bilhões.



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Economia

Eletronuclear pede R$ 1,4 bi ao governo sob risco de colapso nas usinas de Angra

A Eletronuclear, estatal responsável pelas usinas de Angra 1 e 2, pediu...

Economia

Servidores da EPE ampliam paralisação que pode travar planos do governo

Os funcionários da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de...

Economia

Lula diz esperar acordo com os EUA “em poucos dias” após encontro com Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda (27)...

Economia

Novo Código Civil pode transformar contratos em batalhas judiciais

O projeto do novo Código Civil (PL 4/2025), do senador Rodrigo Pacheco...