segunda-feira , 27 outubro 2025
| Cidade Manchete
Lar Economia Como o governo pretende reequilibrar o aeroporto do Galeão
Economia

Como o governo pretende reequilibrar o aeroporto do Galeão


O aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, poderá ter um novo dono em breve. Isso porque a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) abriu o caminho para a venda assistida da concessão com a abertura da consulta pública para definir as regras de transferência sobre o controle da concessionária RIOgaleão — o período de contribuições da sociedade se estende até 5 de novembro.

Hoje, a concessão é dividida entre a Changi, que detém 51% do aeroporto, e a Infraero, que tem os outros 49%. Pelo contrato assinado em 2013, essa modelagem seguiria até 2039, porém a empresa de Cingapura solicitou ao governo federal uma saída para equilibrar financeiramente o acordo, abalado pela pandemia da Covid-19 e pelo aumento de voos no outro aeroporto carioca, o Santos Dumont.

Em 2022, a Changi chegou a tentar devolver a concessão, mas no ano seguinte declarou a intenção de seguir com o aeroporto, desde que de uma maneira mais vantajosa. De forma consensual, a concessionária, a Anac e o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) chegaram a um acordo no Tribunal de Contas da União (TCU), em junho deste ano, para a repactuação do contrato.

Nos documentos disponibilizados pela Anac para a venda assistida do aeroporto de Galeão, incluindo as minutas do edital e dos termos de repactuação, o valor mínimo do leilão será de R$ 932,8 milhões, com uma contribuição variável anual que equivale a 20% do faturamento bruto da concessão. Na nova administração, a Infraero entregará totalmente a sua parte no empreendimento.

Por ter demonstrado a intenção de seguir com a administração do aeroporto, a Changi precisará ofertar o lance mínimo. Caso a proposta da Changi não esteja entre as três mais altas ou no intervalo de 90% do maior valor ofertado, a empresa de Cingapura não poderá seguir no viva-voz. Ainda não há uma data para o leilão, mas a Anac estima que seja realizado no primeiro trimestre de 2026 na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.

VEJA TAMBÉM:

Changi se prepara financeiramente para o leilão do aeroporto do Galeão

No fim de agosto, a Changi anunciou um acordo com o fundo Vinci Compass para vender 70% de sua participação no aeroporto de Galeão —  o negócio ainda aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Caso a venda seja aprovada, a empresa de Cingapura chegará ao leilão com cerca de 15% do controle da concessão do aeroporto.

Dessa forma, a Changi conseguirá se fortalecer financeiramente para apresentar o lance mínimo e competir com eventuais outros interessados no aeroporto carioca. Além disso, a Vinci Compass e a Changi podem entrar juntas no certame, o que deixaria o fundo com 85% do controle do Galeão.

O interesse das duas empresas se explica pelos termos do novo contrato, incluindo a desobrigação da construção de uma terceira pista de pouso e decolagem. O ponto primordial, entretanto, está nas restrições de movimentação impostas pelo governo federal no aeroporto Santos Dumont, que deram respiro ao terminal da Ilha do Governador.

A capacidade atual do aeroporto central do Rio de Janeiro está limitada a 6,5 milhões de passageiros por ano. Com isso, em 2024 a movimentação de passageiros no Galeão foi 82,4% maior do que no ano anterior, quando o governo federal ainda não havia agido para tentar equilibrar os dois terminais. Em compensação, o movimento no Santos Dumont caiu 46,4% no mesmo período.

Pelo acordo aprovado pelo TCU para a repactuação, caso a restrição seja mantida, a nova concessionária do Galeão terá de compensar financeiramente a União pelos benefícios econômicos gerados pela limitação. Segundo a Anac, a compensação leva em conta como seria a evolução de tráfego no Santos Dumont: 8 milhões de passageiros em 2025, 9 milhões em 2026, 10 milhões em 2027 e capacidade livre a partir de 2028.



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Economia

Servidores da EPE ampliam paralisação que pode travar planos do governo

Os funcionários da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de...

Economia

Lula diz esperar acordo com os EUA “em poucos dias” após encontro com Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda (27)...

Economia

Novo Código Civil pode transformar contratos em batalhas judiciais

O projeto do novo Código Civil (PL 4/2025), do senador Rodrigo Pacheco...

Economia

Tom cordial de Trump com Lula não significa fim das tarifas

Após cerca de 45 minutos de conversa entre os presidentes dos Estados...