segunda-feira , 3 novembro 2025
| Cidade Manchete
Lar Economia “Luz gratuita” pode custar caro para donos de painéis solares
Economia

“Luz gratuita” pode custar caro para donos de painéis solares



A medida provisória (MP) 1.300/2025, editada em junho pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e em análise pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (17), traz um dispositivo que gera insegurança jurídica e pode aumentar os custos para consumidores que geram sua própria energia por meio de painéis solares.

Trata-se da inclusão do parágrafo 10 no artigo 3º da Lei 9.427/1996, que estabelece que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) poderá estabelecer critérios para os quais será compulsória a aplicação de uma série de modalidades tarifárias.

A MP 1.300 ficou mais conhecida por garantir gratuidade da conta de luz para famílias que recebem mensalmente até meio salário mínimo por pessoa e com consumo de até 80 kWh/mês, o que deve beneficiar até 60 milhões de consumidores.

VEJA TAMBÉM:

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) alerta, no entanto, que, ao mesmo tempo, a iniciativa dá um cheque em branco para a Aneel instituir uma parcela de cobrança fixa para além da proporcional ao consumo – as chamadas tarifas binômias.

Isso, segundo a entidade, cria imprevisibilidade para os consumidores sobre seus custos com energia e também sobre o retorno dos investimentos de quem gera sua própria energia por meio de painéis solares. A mudança viria carregada de “enorme insegurança jurídica para todos que seguiram seus investimentos com base na Lei n° 14.300/2022”, o chamado marco legal da geração distribuída.

“Ao impor uma modalidade tarifária sem anuência do consumidor, abre-se espaço para estruturas tarifárias desequilibradas, desvantajosas, mais onerosas e imprevisíveis, em prejuízo direto aos usuários, que não teriam como se programar para otimizar os custos de seu consumo, por estarem sempre sujeitos a alterações tarifárias involuntárias passíveis de serem impostas pelo regulador”, diz Bárbara Rubim, vice-presidente de geração distribuída da Absolar.

“Na prática, isso cria instabilidade para esses consumidores nas suas decisões sobre a modalidade de suprimento adotada, que não teriam meios de antever e ponderar, nas suas decisões de acerca da modalidade de suprimento adotada, qual a mais vantajosa dentre todas as possíveis para o seu perfil de consumo, no presente e no futuro”, acrescenta.

O dispositivo questionado pela associação já estava no texto original da MP, assinada por Lula e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Na comissão mista do Congresso Nacional, o relator da matéria, deputado Fernando Coelho Filho (União-PE), manteve a redação em seu parecer.

O prazo para conversão da MP em lei pelo Congresso, já prorrogado, expiraria nesta quarta-feira (17) sob o risco de perder a validade. Pautado para análise pelo plenário da Câmara a terça-feira (16), acabou adiado em razão da votação da chamada PEC da Imunidade.

VEJA TAMBÉM:

Durante a discussão do texto, líderes partidários anunciaram um acordo para aprovar em separado o trecho da MP que estabelece a gratuidade da conta de luz para famílias de baixa renda, transplantando o restante do texto para ser discutido em outra MP, a 1.304, que pode ser votada pelos parlamentares até 7 de novembro.

Na avaliação da Bárbara, não se pode desconstruir a política pública vigente no marco legal da geração distribuída, amplamente debatida pela sociedade e pelo Congresso Nacional, e aprovada há apenas três anos. “É preciso assegurar que a modernização tarifária siga ocorrendo de forma dialogada, transparente e sem efeitos retroativos nocivos”, diz.

“Ao permitir a imposição unilateral de modalidades tarifárias, sem regulamentação clara e objetiva, essa autorização à Aneel amplia desproporcionalmente os poderes do regulador, gerando um nível de insegurança regulatória incompatível com a atratividade de novos investimentos.”

VEJA TAMBÉM:



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Economia

Receita aperta o cerco ao aluguel com “CPF dos imóveis”

A Receita Federal intensifica o cerco à informalidade no mercado imobiliário com...

Economia

o cerco da Receita a aluguéis informais

A partir de 2026, proprietários que alugam imóveis informalmente enfrentarão um cerco...

Economia

China vai dar autorização especial ao Brasil para imporat chips

Fabricantes brasileiros do setor automotivo poderão receber uma autorização especial do governo...

Economia

Brasil deve propor aumento de fluxo comercial em acordo com Trump

O governo Lula discute internamente que propostas pode fazer a Donald Trump...