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Banco Central diz que tarifaço de Trump exige cautela ao justificar juros a 15%


O Banco Central justificou nesta terça (5) que manteve a taxa básica de juros a 15%, na semana passada, por cautela com o andamento das negociações para o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, aos produtos brasileiros.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada pela autarquia mais cedo, aponta que as decisões que vêm sendo tomadas pelo líder norte-americano preocupam e exigem atenção aos reflexos que podem causar na economia brasileira.

“O Comitê acompanha com atenção os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros. A avaliação predominante no Comitê é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, afirmaram os diretores da autarquia (veja na íntegra).

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Na semana passada, o Copom decidiu interromper o ciclo de alta da taxa básica de juros – conhecida como Selic – e manter em 15%, que é o percentual que o mercado financeiro espera para até o final deste ano.

Ainda na ata sobre a última reunião, os diretores da autarquia reafirmaram a preocupação com a condução da política fiscal brasileira – gastos públicos – em paralelo com a política econômica, apontando mais uma vez a necessidade de convergência e de equilíbrio.

“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, afirmou ressaltando a “necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”.

Ainda em relação ao fiscal, o Copom pontuou que segue com uma expectativa de inflação acima da meta – 3%, com tolerância de até 4,5% – mas com uma possibilidade de leve redução “nos horizontes mais curtos”. E pontuou que manterá a política econômica mais restritiva até que as expectativas sejam reancoradas – o que pode levar mais tempo do que o esperado.

“Na discussão sobre esse tema, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê foi de que, em um ambiente de expectativas desancoradas, como é o caso do atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”, afirmaram os diretores.

De acordo com o Relatório Focus dessa semana (boletim com a previsão média dos analistas do mercado financeiro), a inflação deste ano deve terminar em 5,07% – acima do teto de 4,5% – e queda a partir de 2026, quando deve ser de 4,43%. Para 2027 se prevê 4%, e de 3,8% em 2028 – portanto, acima do centro da meta, de 3%.

O Copom afirmou, ainda, que o cenário doméstico mostra sinais mistos, com um recuo na concessão de crédito enquanto que o mercado de trabalho “segue dinâmico”, com desemprego em níveis historicamente baixos e ganhos reais de renda acima da produtividade.

“O mercado de trabalho tem dado bastante suporte ao consumo e à renda”, apontou o comitê, indicando que essa pressão sobre a demanda ainda requer uma política monetária mais restritiva. A inflação de serviços, mais sensível ao aquecimento do mercado de trabalho, “segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta”.

Por fim, o comitê destacou que “após um ciclo rápido e firme de elevação de juros”, a estratégia atual é “continuar a interrupção do ciclo de alta para observar os efeitos do ciclo empreendido”. Contudo, deixou claro que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados”, e que “não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.



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