segunda-feira , 3 novembro 2025
| Cidade Manchete
Lar Economia Para FPA, Plano Safra é “propaganda” e produtor paga conta
Economia

Para FPA, Plano Safra é “propaganda” e produtor paga conta



Embora tenha sido lançado pelo governo federal como o maior da história, o Plano Safra 2025/2026 “é mais uma peça de marketing do que uma política efetiva”, nas palavras do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR).

Ao todo, foi anunciado um total de R$ 605,2 bilhões para a nova edição do plano. Desse montante, R$ 89 bilhões serão destinados à agricultura familiar e R$ 516,2 bilhões, para a agricultura empresarial.

O lançamento foi realizado em duas cerimônias, na segunda (30) e terça-feira (1º), que contaram com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dos ministros Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária, da Fazenda, Fernando Haddad, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, entre outros.

VEJA TAMBÉM:

Para Lupion, o valor anunciado para a agricultura empresarial contém distorções e omissões que comprometem a transparência do programa e impõem custos sem precedentes ao setor produtivo. 

“O governo anuncia um plano de R$ 516 bilhões, mas só tem controle real sobre 22% disso. O restante é dinheiro dos bancos, a juros de mercado, muitas vezes acima de 2% ao mês. Não se pode vender isso como apoio estatal ao agro”, diz o parlamentar. 

Segundo o deputado, no ano passado o governo havia prometido R$ 138 bilhões em recursos com juros controlados, mas contingenciamentos reduziram a execução a R$ 92,8 bilhões. Neste ano, o governo anunciou R$ 113,8 bilhões nessa mesma categoria, o que representa aumento frente ao que foi efetivamente executado, mas queda em relação ao valor prometido no ano anterior.

“Quando comparo o que foi anunciado em 2023 com o que está sendo prometido agora, houve recuo. Estão vendendo crescimento onde há perda de ambição”, afirma Lupion. 

A bancada do agronegócio também critica o volume de recursos da União destinados diretamente à agricultura empresarial. Dos R$ 13,5 bilhões previstos para equalização de juros na safra 2025/2026, R$ 9,5 bilhões serão para a agricultura familiar e somente R$ 3,9 bilhões para a empresarial.

“Esse é o gasto real do governo com o agro empresarial. Todo o resto é dinheiro de banco, do mercado, emprestado a taxas muitas vezes impagáveis. No fim, o governo gasta pouco e transfere o custo ao produtor”, critica o presidente da FPA.

Produtor pagará até R$ 58 bilhões a mais em juros no Plano Safra 2025/2026, diz presidente da FPA

Segundo Lupion, o impacto da alta da Selic, atualmente em 15% ao ano, vai impor um peso inédito à produção. Ele estima que, mesmo com parte do crédito rural operando com equalização, o custo adicional só com juros será de pelo menos R$ 54 bilhões em 2025/26, podendo ultrapassar R$ 58 bilhões se considerados também os efeitos da tributação sobre instrumentos hoje isentos, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), como propõe o Executivo. 

Na terça, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse ter sido “um desafio gigante” elaborar o Plano Safra deste ano em razão da política monetária adotada pelo Banco Central (BC). “Uma Selic de 15% ao ano, com todo o respeito ao [presidente do BC, Gabriel] Galípolo, à equipe do Banco Central, mas eu não consigo compreender”, disse o ministro. 

Lula, no entanto, defendeu o presidente do BC, embora sem mencionar a fala de Fávaro. Ele atribuiu a política adotada pela autoridade monetária a uma herança do comando anterior, sob Roberto Campos Neto, indicado de Bolsonaro.  

“Vocês pensam que eu me conformo com a taxa de juros a 15%? Mas esse aumento já estava dado”, afirmou. “Na verdade, o Galípolo está comendo o prato que ele recebeu. Não teve nem tempo de trocar de comida, mas certamente vai trocar”, disse.

VEJA TAMBÉM:

Mas, para a FPA, os juros elevados são consequência direta da política fiscal do governo. “A Selic subiu para 15% porque o governo perdeu o controle dos gastos. É o Banco Central que segura a inflação, porque o Executivo não segura a despesa. O resultado é crédito caro, produção pressionada e comida mais cara para o consumidor”, diz o presidente da bancada. 

Governo não menciona seguro rural em novo Plano Safra 

Uma grande ausência sentida pela FPA e por representantes do setor produtivo no Plano Safra 2025/2026 foi de uma definição sobre valores para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), que não foi mencionado pelo governo.

No PSR, o governo aporta uma subvenção a contratação de garantias contra perdas que varia de 30% a 35% dos custos do seguro para agricultura, pecuária, aquicultura e florestas. Diante do aumento de riscos climáticos adversos nos últimos anos, a política tem se tornado cada vez mais importante para garantir a segurança do produtor. 

Segundo dados do Portal da Transparência, do R$ 1,06 bilhão previsto no orçamento para o seguro rural em 2025, apenas R$ 67 milhões foram executados até o momento — pouco mais de 6% do total.  

No mês passado, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) bloqueou R$ 445,17 milhões do orçamento destinado PSR, o equivalente a 42% da dotação prevista na Lei Orçamentária Anual.

“O governo sequer mencionou o seguro rural no lançamento do plano. É como se fosse algo secundário. Mas sem seguro, o produtor fica exposto e o país termina discutindo dívidas e renegociações”, apontou.

VEJA TAMBÉM:



Source link

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Economia

Receita aperta o cerco ao aluguel com “CPF dos imóveis”

A Receita Federal intensifica o cerco à informalidade no mercado imobiliário com...

Economia

o cerco da Receita a aluguéis informais

A partir de 2026, proprietários que alugam imóveis informalmente enfrentarão um cerco...

Economia

China vai dar autorização especial ao Brasil para imporat chips

Fabricantes brasileiros do setor automotivo poderão receber uma autorização especial do governo...

Economia

Brasil deve propor aumento de fluxo comercial em acordo com Trump

O governo Lula discute internamente que propostas pode fazer a Donald Trump...