O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou o ministro Alexandre de Moraes ao comentar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de torná-lo réu nesta quarta-feira (26) e retomou a ofensiva contra o sistema eleitoral, iniciada antes mesmo de se eleger presidente da República em 2018.
Ele fez um pronunciamento de quase 50 minutos em frente ao Senado e, ao repetir ataques às urnas eletrônicas e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), voltou a falar a favor do voto impresso e a criticar a sua inelegibilidade até 2030.
Bolsonaro negou participação na tentativa de golpe, afirmou que pediu a desmobilização de seus apoiadores que pediam a intervenção militar e que colaborou com a transição de governo —em entrevista ao Roda Viva, o atual ministro da Justiça, José Múcio, disse que recorreu a Bolsonaro no final de 2022 para conversar com os então comandantes das Forças Armadas.
“Eu espero hoje botar um ponto final nisso aí. Parece que tem algo pessoal contra mim. A acusação é muito grave, e são infundadas. E não é da boca para fora”, afirmou Bolsonaro.
Falou também da viagem que fez aos Estados Unidos no final 2022, quando se recusou a entregar a faixa a seu sucessor, Lula. De acordo com ele, não há crime em não passar a faixa.
“Quer botar 30 [anos de cadeia] em mim. Se eu estivesse devendo qualquer coisa eu não estaria aqui. Fui para os Estados Unidos graças a Deus porque, se estivesse aqui em 8 de janeiro, estaria preso ou morto, que é o sonho de alguns porque preso eu vou dar trabalho”, afirmou.
“Eu sou golpista? [Em] 8 de janeiro estava nos Estados Unidos. Uma das cinco acusações é destruição de patrimônio. Só se for por telepatia.”
A Primeira Turma do STF decidiu nesta quarta-feira (26), por unanimidade, receber a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) e tornar réus Bolsonaro e outros sete acusados de integrarem o núcleo central da trama golpista de 2022.
A decisão do Supremo abre caminho para julgar o mérito da denúncia contra o ex-presidente até o fim do ano, em esforço para agilizar o julgamento e evitar que o caso seja contaminado pelas eleições presidenciais de 2026.
O recebimento da denúncia também impacta a situação política de Bolsonaro. Com o avanço do processo que pode levá-lo à prisão, aliados do ex-presidente se dividem sobre a antecipação da escolha de um candidato para a corrida eleitoral do próximo ano.

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