A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, definiu sua saída do PSDB, legenda pela qual foi eleita em 2022, e marcou a data de filiação ao PSD.
A cerimônia de filiação de Raquel ao novo partido está marcada para a noite do dia 10, no Recife, após o Carnaval, e marca o início de uma debandada tucana.
A governadora informou a seus aliados sobre a decisão na noite de segunda-feira (24).
Atualmente, o PSDB tem três governadores: além de Raquel, em Pernambuco, são filiados à sigla Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, e Eduardo Riedel, em Mato Grosso do Sul. Os dois permanecem na legenda.
Raquel negociava pelo menos desde 2024 uma ida para a sigla presidida por Gilberto Kassab. Ela vai comandar o diretório da legenda em Pernambuco. O MDB também foi cogitado como destino, mas a governadora bateu o martelo pela filiação ao PSD.
Com três ministérios na Esplanada (Pesca, Agricultura, e Minas e Energia), o PSD é base do governo Lula (PT), com quem Raquel mantém bom relacionamento político. Mas o presidente do partido é secretário no governo paulista, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Jair Bolsonaro (PL) e um dos principais nomes na disputa pela vaga da direita na corrida presidencial de 2026.
Nas últimas semanas, Kassab fez críticas ao governo Lula, especialmente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizendo que ele comanda uma pasta “frágil”.
Lideranças do PSDB estão se reunindo com dirigentes do MDB, do Podemos e do PSD para discutir uma união partidária.
A junção pode fazer com que a bancada da agremiação com quem se aliar dê um salto, já que o partido tem 13 deputados federais e três senadores. O aumento terá reflexo também no fundo partidário, proporcional ao número de parlamentares de cada legenda.
Como mostrou a Folha, a polarização em Pernambuco entre a governadora e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), é marcada pela indefinição de alianças partidárias e políticas visando as eleições de 2026.
Enquanto a governadora vai tentar a reeleição, o prefeito do Recife é cotado para ser o nome da oposição na disputa pelo governo estadual.
Aliados avaliam que, se a eleição fosse hoje, não teriam dúvidas da candidatura, mas dizem que João Campos ainda tem mais de um ano pela frente e que, nesse período, o cenário pode mudar.
Um indício de que o prefeito pretende disputar a eleição estadual foi o fato de escolher o ex-chefe de gabinete e amigo pessoal Victor Marques (PC do B) como vice na sua chapa nas eleições de 2024.
O vice-prefeito eleito poderá assumir a prefeitura em caso de renúncia de João Campos em abril de 2026 para ser candidato ao governo.
Na esfera estadual, Raquel tem como prioridade para 2025 a entrega de obras e a tentativa de fortalecer o governo politicamente. A avaliação interna é a de que é preciso deslanchar neste ano, inclusive com ações concretas na região metropolitana do Recife, para se sobrepor à alta popularidade de Campos.
A gestão Raquel também aposta que o prefeito terá uma oposição mais contundente na Câmara Municipal, podendo gerar questionamentos sobre a qualidade da gestão municipal, mesmo após uma reeleição dele com 78% dos votos válidos.

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