Dois soldados norte-coreanos, que foram capturados pela Ucrânia ao lutar ao lado de tropas da Rússia na região russa de Kursk, relataram que receberam a falsa informação de que enfrentariam forças da Coreia do Sul no leste europeu.
Entrevistas com os dois soldados foram publicadas nesta quarta-feira (19) pelo jornal Chosun Ilbo, um dos maiores da Coreia do Sul.
Os dois militares, identificados apenas pelos sobrenomes, Ri e Baek, foram entrevistados em um campo de prisioneiros de guerra na Ucrânia.
Eles informaram ao Chosun Ilbo que servem no Exército norte-coreano há dez e quatro anos, respectivamente, e foram enviados para Kursk em outubro e novembro do ano passado. Ambos foram capturados pelas forças ucranianas em 9 de janeiro.
Quando o jornal sul-coreano perguntou a Ri se os militares norte-coreanos enviados a Kursk eram submetidos a algum controle “ideológico” ou “disciplinar”, ele respondeu: “Eles [agentes de segurança norte-coreanos] monitoravam tanto nossos deveres quanto nossa ideologia. Antes da batalha, um deles me disse que todos os operadores de drones no Exército ucraniano eram soldados sul-coreanos”.
Ri respondeu afirmativamente quando o Chosun Ilbo perguntou se todos os militares norte-coreanos em Kursk acreditavam nessa mentira e afirmou que ela os ajudava a lutar de forma mais assertiva.
“Foi nossa primeira experiência real de combate. A luta não seria fácil. Desde o início do treinamento, não era apenas sobre resistência física. Era ideológico. Marchas nas montanhas, exercícios de resistência, prática de tiro… tudo isso alimentado por pura força de vontade. Desistir era considerado vergonhoso, então treinávamos como se nossas vidas dependessem disso”, explicou.
Ri e Baek manifestaram desejo de pedir asilo político na Coreia do Sul e até perguntaram ao repórter do Chosun Ilbo se eles tinham alguma chance de serem aceitos no país rival.
Nunca confirmado oficialmente pela Rússia e pela Coreia do Norte, o envio de mais de 10 mil soldados norte-coreanos foi uma resposta à ofensiva da Ucrânia em Kursk, iniciada em agosto. Desde então, entretanto, os russos recuperaram grande parte do terreno perdido para os ucranianos na região.
No início de fevereiro, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que tropas da Coreia do Norte voltaram à linha de frente em Kursk, após Kiev ter relatado dias antes que suas forças não haviam travado combate ou registrado atividades de militares norte-coreanos nas três semanas anteriores.
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