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Flow surfa na febre por gatos e mira o Oscar de animação – 19/02/2025 – Ilustrada


Em meio à febre por gatos que se espalha pela internet, um pequeno filme independente da Letônia foi abraçado com força por internautas e pela crítica internacional. Despido de tramas mirabolantes, “Flow” se firmou como um dos títulos mais quentes da temporada com sua simplicidade, ao acompanhar um gatinho em desenho animado.

Não há muito o que falar sobre a história, exceto que ela dispensa diálogos ao longo de seus 90 minutos e que acompanha um gato preto um tanto blasé, que vê a floresta onde mora ser inundada por um súbito e ameaçador fluxo de água –daí o nome do filme.

Conforme o nível da água vai subindo, o gatinho parte em busca de abrigos, acompanhado por outros animais que encontra. Há, por exemplo, um simpático labrador, que é separado dos outros cachorros de seu bando, mais agressivos e “gatofóbicos” que ele.

Mais tarde, também embarcam no barco que leva o gato para um lado e para o outro um lêmure curioso, uma capivara zelosa e um pássaro secretário, um dos símbolos da África do Sul, que evoca sabedoria e nobreza, algo que se reflete na forma imponente com a qual foi desenhado.

“Eu dispensei a lógica ao fazer esse filme, pouco importou se esses animais eram de diferentes regiões ou biomas. Eu me preocupei em animar esses personagens de forma realista, sim, mas quis me distanciar de um documentário sobre a natureza, então exagerei nas cores, deixei as texturas imperfeitas”, diz o diretor Gints Zilbalodis.

Para que os movimentos dos animais fossem convincentes, o letão observou com afinco os seus gatos e cachorros de estimação. Sempre que tinham dúvidas sobre alguma situação específica, ele e seus animadores recorriam ao enorme acervo de vídeos de gatos em redes sociais, como o TikTok.

Esse amor por gatos, Zilbalodis acredita, se deve ao fato de eles serem animais com os quais nos identificamos. “Eles são honestos, conseguem ser calmos, mal-humorados, engraçados, expressivos, tudo de forma muito humana. São fofos, mas também podem ser babacas.”

Em seu segundo longa-metragem, o diretor já vinha explorando em seus curtas temas comuns a “Flow”, como a luta por sobrevivência, a necessidade de se adaptar ao desconhecido e o conflito entre diferentes personalidades –ou, no caso, espécies. O filme, aliás, é uma expansão de um de seus curtas, “Acqua”, de 13 anos atrás.

Com um orçamento de cerca de US$ 3,7 milhões e produzido num software gratuito, “Flow” superou “Moana 2”, produzido pela Disney por US$ 150 milhões, e “Kung Fu Panda 4”, feito pela Dreamworks por US$ 85 milhões, ao conquistar uma vaga na corrida pelo Oscar de melhor animação.

Ao longo dos últimos meses, foi encantando espectadores, venceu o Globo de Ouro da categoria e se firmou favorito ao lado de “O Robô Selvagem“, também da Dreamworks. A corrida pelo Oscar fica completa com “Divertida Mente 2”, da Pixar, “Wallace & Gromit: Avengança”, da Aardman Animations, e “Memórias de um Caracol”, outro independente.

A situação é sintomática do momento atual do cinema de animação. Hoje, muitos dos filmes e séries com traços mais experimentais e interessantes estão sendo produzidos longe dos grandes estúdios americanos.

Enquanto a Disney, fundadora da animação enquanto gênero cinematográfico, segue gerando imagens nos mesmos programas de computação, produtoras menores vêm experimentando com novas técnicas e até retomando processos antigos, mais artesanais. É o caso do brasileiro Alê Abreu, indicado ao mesmo Oscar em 2016 por “O Menino e o Mundo“.

“É muito legal ver animações independentes sendo reconhecidas. Nós não temos os mesmos recursos ou o mesmo orçamento de marketing, então simplesmente ter o seu filme visto por tanta gente já significa muito”, diz Zilbalodis.

“Por outro lado, justamente por não trabalharmos com um orçamento tão grande, temos mais liberdade para testar e correr riscos. Há muita coisa boa nos estúdios grandes, mas o cinema independente consegue contar histórias mais pessoais, recorrer a técnicas menos comerciais.”

“Flow” ainda alcançou outro feito dificílimo para uma animação, ao figurar na corrida pelo Oscar de filme internacional. Nesta, será difícil triunfar, diante do peso das campanhas do francês “Emilia Pérez” e do brasileiro “Ainda Estou Aqui“.

Um pequeno gatinho chegar tão longe, porém, já é motivo de comemoração na Letônia. Fernanda Torres e Walter Salles criaram clima de Copa do Mundo no Brasil, e o mesmo pode ser dito do que vem acontecendo no país do leste europeu, que está representado no Oscar pela primeira vez.

Uma estátua do protagonista, bem como pinturas suas, têm decorado a capital, Riga. O Globo de Ouro que “Flow” venceu foi exposto no Museu Nacional de Arte, gerando filas. O sucesso de público local ainda motivou o governo a anunciar grandes investimentos no audiovisual do país. Tudo graças a um gatinho.



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