Algumas linhas de transporte, incluindo Hapag-Lloyd AG e Louis Dreyfus Armateurs, estão pedindo à Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) que evite apoiar biocombustíveis à base de plantas e culturas enquanto a indústria busca se descarbonizar.
“A menos que salvaguardas legalmente vinculativas sejam introduzidas, há o risco de que uma grande quantidade de combustíveis fósseis seja substituída por biocombustíveis insustentáveis”, disseram as empresas em uma declaração conjunta divulgada pela Federação Europeia para Transporte e Meio Ambiente, organização não governamental conhecida como T&E.
Quando o desmatamento e o uso da terra são levados em conta, o óleo de palma e a soja são de duas a três vezes piores para o clima do que os combustíveis tradicionais, de acordo com a T&E.
A IMO —o órgão internacional que supervisiona o transporte marítimo e faz parte do quadro das Nações Unidas— está trabalhando para atingir uma meta de emissões zero de carbono para a indústria até 2050, como parte dos esforços globais para combater as mudanças climáticas. O transporte marítimo carrega mais de quatro quintos do comércio mundial, mas atualmente depende de combustíveis tradicionais para alimentar a maior parte da frota.
A maior parte do óleo de palma é cultivada em vastas propriedades no Sudeste Asiático, com a Indonésia e a Malásia sendo os maiores produtores. A mercadoria há muito é acusada de destruir habitats frágeis, incluindo turfeiras ricas em carbono, reduzir a biodiversidade e ameaçar animais raros, alegações que produtores e governos da região rejeitam.
A intervenção dos gigantes do transporte marítimo ocorre enquanto diplomatas estão programados para se reunir em Londres esta semana para um evento da IMO para debater novas medidas regulatórias de redução da pegada de carbono do setor.
“Apelamos à OMI e aos estados membros para desencorajar o uso de biocombustíveis à base de culturas por navios”, disseram as empresas. Os biocombustíveis à base de culturas não devem se beneficiar de incentivos econômicos direcionados à promoção de combustíveis de emissão zero e quase zero, afirmaram.
Em uma declaração separada, dezenas de organizações de conservação criticaram uma proposta do Brasil —um grande produtor de soja— que apoiava os biocombustíveis como uma solução de longo prazo para o transporte marítimo. Elas também pediram aos estados membros da IMO que se opusessem à promoção de biocombustíveis na indústria.

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