Chris Anderson, que lidera o TED há 25 anos, anunciou nesta semana que passará o controle de toda a organização para quem tiver as melhores ideias para expandi-la e o dinheiro suficiente para bancá-las.
O executivo britânico-americano, que afirma nunca ter recebido um salário da empresa, disse que não receberá nada em troca, mas espera poder continuar como conselheiro.
“Não há crise, não há emergência de fundo de caixa, não há acionistas externos dizendo para eu renunciar. Nada disso. Só estamos abrindo oportunidades”, disse Anderson, que leva o título de Chefe do TED, num evento em Nova York para responder a perguntas da comunidade. Ele estava ao lado do CEO, Jay Herratti.
“Se ninguém aparecer, o plano é criarmos um conselho para a TED Foundation e convidar um grupo de pessoas para investir recursos”, continuou. “Em qualquer cenário, o TED precisa de uma injeção significativa de fundos para que possamos sonhar alto, para que possamos ser o que o mundo precisa que sejamos.”
Anderson comprou o TED em 2001 de seus fundadores, Richard Saul Wurman e Harry Marks, quando era apenas uma conferência com especialistas em tecnologia e design em Monterey, Califórnia. O evento ficou famoso por apresentar grandes novidades da época, como o CD e o Macintosh da Apple.
Hoje, o TED é uma operação anual de US$ 100 milhões, com 220 funcionários em Nova York, e um fundo de reserva de US$ 25 milhões.
“Se quisermos causar um impacto no mundo, não podemos falar em termos de US$ 10 milhões ou US$ 15 milhões. Alguns dos maiores sonhos que temos podem levar possivelmente centenas de milhões de dólares para realmente crescerem em escala global”, disse Anderson. “Então, só quero abrir a porta para alguém que possa nos ajudar a pensar maior.”
Além da conferência principal, que se mudou para Vancouver, no Canadá, em 2014, o TED organiza eventos parecidos com temas específicos ao redor do mundo, como o TED Countdown, sobre meio-ambiente, e o TED AI, de inteligência artificial.
Há também uma plataforma educativa voltada para escolas, um arquivo digital com mais de 4.000 TED Talks, um canal de TV, e um canal de podcasts com mais de 178 milhões de downloads. A organização funciona sob a ONG TED Foundation.
Anderson acredita que seu legado será a descoberta do poder da “filantropia estratégica”. Foi assim em 2006, quando liberou as palestras do TED na internet gratuitamente e, sem querer, transformou a conferência numa marca global.
Em 2009, a organização lançou o TEDx, quando comunidades passaram a organizar seus próprios eventos de maneira independente com uma licença gratuita do TED –hoje são mais de 3.000 licenças. Em 2018, eles lançaram o Audacious Project, uma iniciativa filantrópica que já levantou mais de US$ 4 bilhões para 49 projetos.
“O que tenho mais orgulho [nesses 25 anos] é de ter tropeçado nessa ideia de abrir mão. Foi a coisa mais incrível que tornou isso tudo possível”, disse Anderson. “Abrir mão é contra intuitivo para qualquer organização, mas estou convencido que é a chave para destravar oportunidades.”
E quem seria o candidato ideal para levar o TED adiante?
“Quero alguém que se importe fundamentalmente com o futuro do mundo e com todos que o habitam. Alguém que entenda o poder das ideias”, afirmou. “Alguém que seja entusiasmado para fazer algo radical pela educação global. Este seria um parceiro em potencial muito interessante.”
Alguém pensando em lucrar e fazer fortunas com a marca TED estaria fora do processo, assim como Elon Musk. Anderson gostaria de ter alguém não partidário.
“Estamos determinados a ser apartidários e a encontrar um espaço onde possamos dar visibilidade a ideias de várias partes do espectro político”, disse. “Queremos ser um lugar onde as pessoas possam ouvir umas às outras, para descobrir alguns valores em comum.”
O TED deste ano acontece em abril em Vancouver com o tema “Humanidade Reimaginada”. Entre os palestrantes confirmados estão Sam Altman, CEO da OpenAI, os cofundadores do Substack e do Whole Foods Market, e a diretora de produtos da Character.AI.
Os ingressos variam de US$ 6.250 a US$ 12.500.
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